Dia desses caminhando e cantando como um autentico homem moderno, entro no "cafezinho" dos amigos.
Estava com quatro livros, dois sobre pintores e seus movimentos quando um amigo comenta "ah tá, agora pensa que é intelectual...só faltava essa".
Ele não sabe.
Além da beleza estética seus movimentos revelam, acusam, protestam e renovam suas épocas. Mas ele...ele, não sabe.
Rindo e menosprezando acha que quero "dar uma de intelectual".
Ele não sabe.
Que um Fauvismo, por exemplo, renovou a arte com suas fortes cores, algumas com tamanha força com relevos em seus pinceis mágicos e coloridos.
Que o Dadaísmo chocou o mundo com sua arte alternativa acusando a I Guerra Mundial de absurda com um "surto de raiva e entusiasmo pela vida".
Ele não sabe.
Que a ArtDéco reconstruiu a Europa devastada pela Guerra com uma arquitetura revolucionária.
Ele não sabe que André Breton lançou o Surrealismo, um movimento exigindo liberdades fantásticas e sonhos delirantes na luta do trabalho doentio originado pela Revolução Industrial.
Que o grito dos gritos de Edvar Munch ainda bate em nossos ouvidos.
Ele não sabe.
Que o Romantismo, vejam só, antecipou o bolsonarismo.
Calma...claro, com suas devidas proporções, afinal lá no Romantismo estavam o Cristianismo(Deus), Nacionalismo(Pátria) e Subjetivismo(Família), uma arte burguesa ressaltando o casamento, religião e nação. Porém, por outro lado, mas outro lado mesmo, suas pinturas são extraordinárias.
Ele não sabe e não percebe a essencia do tema.
Eis um dos caminhos para sair da menoridade que Foucault fala em sua arqueologia das ciencias quando cita Kant: "por menoridade entendemos um certo estado de nossa vontade que nos faz aceitar a autoridade de algum outro para nos conduzir...", sim, o tal esclarecimento também está nos movimentos de arte.
Deveria existir disciplina escolar somente com essa temática.
Mas é coisa...de intelectual...
E para não escrever bobagens tenho cinco coleções com mais de cem livros sobre pintores e seus movimentos. A melhor delas é uma da Folha de São Paulo que reforça a parceria entre pintores e suas épocas.
Cada qual com um subtítulo reforçando seu momento histórico.
Mas meu amigo, aquele, ele não sabe.
Fiquei quieto e ficamos discutindo sobre o novo namorado da Regina Duarte entre outros assuntos determinados pela indústria cultural. Fiquei uma hora e segui meu caminho.
Imaginando Salvador Dali pintando um quadro de nossa mesa de cafezinho, com cabeças esquisitas, xícaras com enormes alças e linguagens derretidas.
Mas ele, ele não sabe.
E continuou...não sabendo...
Eles, sempre eles...agradecem...
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