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Kant e nossa Maioridade

  • cocatrevisan
  • 25 de set. de 2020
  • 3 min de leitura

Atualizado: 30 de out. de 2021

Vi um vídeo no face, que faz qualquer indivíduo parar para refletir e para os seres pensantes, repensarem.

Descreve o que pesquiso desde 1985, quando encerrei meu trabalho de conclusão na graduação.

É tema recorrente nesse blog, um assunto referente àqueles que pensam por nós, ditam normas, valores e costumes.

No vídeo, uma professora combina um exercício com sua turma. Quando o próximo aluno atrasado chegar (sempre tem, não é?), ela vai mostrar uma pasta verde, mas todos devem dizer que ela é vermelha.

Assim acontece. O senhor atrasadinho chega, se desculpando, e senta em sua classe. A mestre questiona o primeiro estudante que responde com convicção que a pasta é vermelha. Mesmo abismado, nossa "vitima" permanece calado. O segundo aluno, o brincalhão da sala, grita com voz bem alta, é vermelha.

O terceiro, ou melhor, a terceira, uma linda loira, concorda com seus dois colegas reafirmando que a pasta verde, é vermelha. A quarta aluna, uma morena muito bonita, a musa do semestre, vai no embalo.

Quando chega a hora do golpe fatal, a professora pergunta para o atrasadinho, qual a côr da pasta.

Ele reluta um pouco, reflete e diz que a pasta é...vermelha. A partir daí, começa uma "aula" da querida professora. Ela cita Nietszche e Kant, dois filósofos alemães. Primeiro Nietszche, que disse que existem dois tipos de homens, um que segue sua vontade, seu caminho e outro que acompanha valores de outras pessoas, resignando suas vontades para seguir os "líderes". A popular Maria vai com as outras. Nesse momento lembro das palavras de Nélson Rodrigues que cansou de dizer que somos seres pré-fabricados. Não buscamos o novo, aliás, tememos as novidades.

Não ousamos. E por medo e insegurança, seguimos tendências dos líderes que mandam e desmandam. Immanuel Kant nos revela uma quebra para o nosso "esclarecimemto", saindo da menoridade para a maioridade. Mas enquanto nosso país tiver 80% das pessoas preferindo assistir novelas globais, ao invés de leituras, vai ser dificil, muito difícil tais mudanças.

Somos soldados que lutam por guerras que nem entendemos e como existem milhares de tipos de guerras (bélicas e existenciais), existem aquelas batalhas que lutamos sozinhos.

Como se fôssemos um exército de um homem só, como diria Moacyr Scliar. Ora, como vou dizer que a pasta é verde se todos dizem que é vermelha. Tá louco. Lembram da teoria da Comunicação Espiral do Silêncio?

E, tem mais, o receio de ser um exército de um homem só. É difícil e complicado, melhor seguir as lideranças. A Maioridade de Kant pede o discernimento das dúvidas, a busca do esclarecimento. Abandonar a preguiça é um caminho. Leituras e vontades de saber, adquirir conhecimentos podem levar à amizade com os conceitos de Kant. É o que ele quer (e nós também), pois nessas estradas, os horizontes levam ao "esclarecimento". Evitar o medo do novo. Ousar. Não ter medo de dizer que a pasta verde é...verde.

Seria necessário novas visões num país onde a maioria das pessoas preferem ficar grudadas na tela da Globo assistindo novelas. Acho que vou arrumar briga aqui, mas é isso que Kant quer evidenciar, suas filosofias críticas desejam alertar que iremos atingir a maioridade, se a curiosidade de saber com quem Toni Ramos vai "ficar" for menos relevante do que deixar de visitar a livraria...aquela...ali, na esquina...

E na pandemia a situação piora, em cada três dias uma livraria grcha suas no Brasil.

Kant quer ver todos no meio fio, se cair, faz parte, mas evidente, a intenção é conseguir andar. Pior seria ficar fora das estradas de ferro.

Tentar e buscar à sua maneira. Pensar e de preferência à sua maneira. Fatores externos não podem dirigir nossas vontades. Nossas ações devem ser reais e difusamente "nossas", sem condicionamentos. Coragem para ver o líder, literalmente, atrás da montanha. Podemos, e devemos respeitar lideranças, mas objetivando nossas vontades, desde que positivas e originais.

Isso é o "Esclarecimento ", de Immanuel Kant, se afastar da menoridade e se apaixonar pela maioridade. "Sapere aude", diz Kant.

E perceber que a covardia e a preguiça causam essa mediocridade.

Busquemos, então, nossa Maioridade.

 
 
 

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