Zona de Conforto
- cocatrevisan
- 13 de abr.
- 2 min de leitura
Quantas vezes ouvimos dizer "saia de sua zona de conforto", vá atrás, busque, corra...
Um real chavão dos escritores de auto-ajuda.
E até já pensei da mesma forma, mas ao ler uma crônica do professor Homero Santiago (edição 175, revista Humanitas), algumas sugestões despertaram conceitos.
Ora, se você está numa boa, no "conforto" e portanto de bem com a vida, porque sair dela?
Santiago é enfático "francamente não entendo, só posso jurar que no dia em que me convencer que atingi a tal zona de conforto ali me aninho, monto morada e de lá nunca mais saio".
Ora, e com toda razão.
Incoerente é aquele que abandona uma cama macia e quentinha.
E se neste ano não diminuir minhas doses de vinho é porque está bom assim, para mim e meu amigo Dionísio.
E aos doutores e autores que querem me ajudar dispenso suas cartilhas punitivas.
Sai para lá seu moço com suas teorias de auto-ajuda.
Me tirar da melhor mesa do bar porque estou na minha zona de conforto?
Não mesmo.
Quero seguir neste querido conforto e eles, sempre eles, que busquem o que desejam.
E ainda vou imaginar novas coisas sim mas sem abalos sísmicos até o fim, pois sei que "a morte reduz-se a uma cerimônia em que a gente se veste de luto e deixa cartões de visita"(Raul Brandão em "Húmus").
Prefiro seguir imaginando zonas de conforto com...todo conforto...
Perseguindo regras de Spinoza que sempre sugeriu a imaginação como elemento essencial e adicionando uma alma leve com todo conforto possível.
Acho que é neste ponto que devemos discernir conforto com alienação. Não sair do sofá pode revelar esqueletos alienados porém, nada de apressar o ansioso.
Como diz o cantor "se já tive pressa", agora vou caminhar lentamente observando estrelas e fogueirinhas de papel.
E na minha zona de conforto.
Vejam só, todos os dias repetimos quase sempre as mesmas palavras, cumprimentamos as mesmas pessoas e se estamos felizes, que o baile siga na mesma sintonia, por outro lado se o indivíduo está infeliz com seu cotidiano, aí talvez tenha que reavaliar seu (des)conforto.
Há uma distância entre aquele que quando quer falar desembucha suas palavras naturalmente daquele que não consegue soltar sua voz.
Entretanto os paradoxos são resilientes e mesmo considerando que ficar na zona do conforto é uma boa, eu mesmo estou sempre mudando de endereço e cidade.
Desde jovem faço o contrário, sou de Santa Maria(RS), cidade universitária, em cada esquina uma universidade ou faculdade e todos vão para lá cursar suas graduações e que fiz?
Fui fazer minha graduação na Unisinos em São Leopoldo(RS).
Fiquei 10 anos por lá, depois fui para Porto Alegre onde residi por mais 11 anos.
Tudo estava sob controle mas mudei para Joinville (SC) onde permaneci mais 9 anos. Seguindo o bonde, mais 13 anos em Balneário Camboriú e mesmo que lá estava "numa boa" mudei novamente, desta vez para Florianópolis.
Na bela Floripa foram mais 5 anos e agora no último mês de Dezembro mudei para o Rio de Janeiro.
Como diz um amigo, "é cigano"?
Ou outro,"tá fugindo da polícia"?
Pois é, gosto da tal zona de conforto mas sair da mesmice também pode valer a pena.
Você decide?
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